Nenhum indivíduo ou dispositivo, seja interno ou externo à rede organizacional, deve obter permissão de acesso aos sistemas ou recursos de TI sem uma verificação explícita. Esse é o conceito Zero Trust, uma abordagem de segurança de rede que se fundamenta no princípio da eliminação total de confiança presumida.
A arquitetura de soluções Zero Trust foi criada por empresas de segurança que se basearam no SASE (pronuncia-se “sassy”). Esse termo é referente a Secure Access Service Edge, um componente da arquitetura Zero Trust que protege elementos de rede dentro e fora de um limite de rede tradicional. De acordo com descrição no relatório da Gartner, denominado “O Futuro da Segurança de Rede na Nuvem”, o SASE é a convergência de vários serviços de segurança em um único modelo entregue na nuvem.
E é neste cenário que o Zero Trust se torna especialmente relevante. Introduzido pelo analista John Kindervag, da Forrester Research, este modelo de segurança adota a política de “nunca confiar, sempre verificar”, estabelecendo um controle de acesso rigoroso para proteger recursos corporativos. A estimativa é de que neste ano de 2025 mais de 60% das organizações estejam com políticas de zero trust implementadas.
Zero Trust: a importância da implementação correta
Neste guia, vamos explorar como implementar corretamente o zero trust security, evitando falhas comuns e garantindo uma proteção eficaz contra ameaças cibernéticas cada vez mais sofisticadas.
De acordo com um estudo da McAfee e Dell Technologies, 44% das pequenas empresas já sofreram um ataque cibernético, enquanto 17% enfrentaram esse problema múltiplas vezes. Ainda mais preocupante é que 67% dos incidentes de segurança em pequenas e médias empresas ocorreram nos últimos dois anos.
Ao contrário dos modelos tradicionais de segurança, frequentemente referidos como “castelo e fosso”, que apenas desconfiam de fatores externos à rede, o Zero Trust inverte essa lógica. Em vez de “confiar, mas verificar”, adota o princípio de “nunca confiar, sempre verificar”. Cada solicitação de acesso é rigorosamente analisada antes de ser autenticada, independentemente de sua origem.
O modelo se estrutura em três princípios fundamentais:
1º Não confiar em nenhuma entidade por padrão.
2º Impor acesso com privilégio mínimo, onde usuários têm acesso apenas ao necessário para suas funções.
3º Terceiro, implementar monitoramento contínuo de segurança.
Benefícios do Zero Trust
Entre os benefícios do Zero Trust, destaca-se sua capacidade de oferecer visibilidade aprimorada das redes e sistemas da empresa. E a necessidade de implementá-lo está ligada a um contexto que trouxe o trabalho remoto e a ascensão do uso de serviços em nuvem para realizar as aplicações, além dos dispositivos móveis. Dessa forma, os ambientes de TI tornaram-se mais diversificados e complexos.
Com Zero Trust, é possível identificar e monitorar atividades suspeitas, detectando ameaças. Além disso, o modelo ajuda a reduzir riscos de violações de dados, protegendo a reputação empresarial.
Com medidas como autenticação multifator, criptografia de dados e controle de acesso granular, o Zero Trust protege contra malware, phishing e ransomware. Sua abordagem de segurança em camadas detecta e bloqueia ameaças em tempo real, enquanto a microssegmentação impede a propagação lateral de ataques na rede.
Modelo de confiança zero: verificação contínua
Antes de conceder o acesso necessário, a solução Zero Trust considera todos os recursos externos e faz a verificação contínua.
- Identifica quem está conectado à rede – Para garantir uma proteção efetiva da rede, é fundamental monitorar todas as conexões. Em relação aos dispositivos corporativos, como notebooks e celulares, o sistema de gerenciamento de dispositivos móveis pode confirmar a autenticidade do dispositivo conectado. Para equipamentos não gerenciados, como dispositivos pessoais ou IoT, tecnologias de aprendizado de máquina podem identificar características para classificação, enquanto dados sensíveis podem ser restritos apenas aos dispositivos controlados pela organização.
- Estabelece limites de acesso dos endpoints – As diretrizes de segmentação e acesso precisam ser configuradas tanto para dispositivos individuais quanto para grupos de dispositivos similares. Essas diretrizes devem seguir o princípio do privilégio mínimo para assegurar que cada dispositivo tenha apenas o acesso essencial, reduzindo o risco de propagação lateral de ameaças.
- Mantém monitoramento e controle constantes – Como as ameaças cibernéticas evoluem continuamente, é necessário manter um ciclo permanente de análise e aplicação de controles para detectar invasões e vulnerabilidades. É fundamental compreender os padrões de tráfego e identificar atividades suspeitas, possibilitando o isolamento do dispositivo em caso de incidente.
Passos práticos para implementar Zero Trust
A implementação do Zero Trust não precisa ser um processo complexo. Com planejamento adequado e uma abordagem gradual, é possível transformar a segurança da sua organização.
O primeiro passo para implementar Zero Trust é avaliar sua infraestrutura atual. Faça um levantamento dos sistemas existentes, identificando possíveis lacunas e vulnerabilidades. Esta auditoria inicial permite compreender quais elementos já estão em vigor ou podem ser facilmente fortalecidos.
Em seguida, identifique seus ativos críticos e priorize-os. Defina sua “superfície de proteção” – os dados, aplicativos, ativos e serviços mais importantes que necessitam de proteção rigorosa. Este foco nos elementos essenciais evita a complexidade de tentar proteger toda a rede simultaneamente.
A implementação da microssegmentação é fundamental neste processo. Esta técnica divide a rede em zonas seguras menores, controlando o acesso de usuários e dispositivos a áreas específicas. Ao aplicar esta estratégia, as organizações podem parar lateralmente ameaças em movimento, minimizando o raio e o dano causado por um ataque cibernético.
A adoção da autenticação multifator (MFA) também é um passo importante na jornada Zero Trust. A MFA exige múltiplas formas de verificação, reduzindo drasticamente o risco de acessos não autorizados e é uma excelente maneira de começar a reforçar a segurança de serviços cruciais.
Após estabelecer estes fundamentos, implemente o princípio do menor privilégio, limitando os direitos de acesso dos usuários ao mínimo necessário para suas funções. Esta abordagem reduz bastante a superfície de ataque da organização.
O monitoramento contínuo é outro elemento crucial. Implemente ferramentas que proporcionem visibilidade consistente sobre todo o tráfego, incluindo usuário, dispositivo, local e aplicativo. Este monitoramento permite detectar comportamentos anômalos rapidamente.
Por fim, crie políticas Zero Trust aplicando o Método Kipling – questionando quem, o quê, quando, onde, por quê e como para cada solicitação de acesso. Isto garante que nenhuma comunicação ocorra sem conhecimento e aprovação dos administradores.
Erros comuns na implementação e como evitá-los
O caminho para uma arquitetura de segurança Zero Trust está repleto de armadilhas, portanto, não se pode negligenciar a higiene básica de segurança. Antes de implementar a solução é necessário contar com experts para que todas as configurações estejam adequadas, seja dos endopoints, referentes a senhas ou testes de softwares. Caso contrário, é impossível obter benefícios de confiança zero.
É importante ter especialistas cuidando disso e não apressar o processo, pois é fundamental preparar adequadamente os usuários para a mudança, para não comprometer a credibilidade de todo o esforço de segurança.
Para evitar esses erros, é essencial:
- Estabelecer um plano metodológico com fases claras de implementação
- Alinhar todos os times e explicar os benefícios da solução para toda a empresa
- Mapear todos os dados e ativos para ter uma visão completa do ambiente
- Implementar autenticação multifator em substituição à autenticação de rede tradicional
- Adotar uma abordagem de implementação gradual que equilibre segurança e experiência do usuário
Implemente a solução Zero Trust com parceiro de confiança
A transformação para Zero Trust não acontece da noite para o dia, certamente exige comprometimento e planejamento cuidadoso. Portanto, comece identificando seus ativos críticos, estabeleça controles rigorosos e escolha o melhor parceiro para garantir um monitoramento constante. Assim, sua organização estará preparada para enfrentar as ameaças cibernéticas atuais e futuras com confiança e eficiência.
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