Como a tecnologia de deepfake está potencializando uma era de desinformação, golpes e riscos
Fraudes com deepfake crescem 700% no Brasil. Para se ter uma ideia do tamanho do rombo, os incidentes por aqui são cinco vezes mais frequentes do que nos Estados Unidos. Levantamento realizado pela Sumsub mostra que as taxas de fraudes utilizando deepfake crescem exponencialmente no mundo todo. O comparativo foi realizado considerando o primeiro trimestre de 2024 e o de 2025.
Vale lembrar que na história sempre houve relatos de desinformação e de informações inverídicas veiculadas na mídia. O que diferencia as notícias mentirosas do passado para as deepfakes de agora é o modo como são produzidas e a alta tecnologia para disseminá-las. Tudo isso torna o alcance e o impacto muito mais potentes do que os jornais maliciosos usados no século passado.
O que são Deepfakes?
Trata-se de uma técnica de inteligência artificial usada para manipular vídeos e distorcer conteúdos, copiando vozes e rostos de pessoas reais. No período eleitoral de 2022, vimos como esse recurso foi apropriado para produzir desinformação em nosso país. Houve também o caso de utilização do famoso jornalista William Bonner em um vídeo falso em 2024 convidando as pessoas para clicarem em um link sobre uma suposta indenização por vazamento de dados. Muitos clicaram, visto que a tecnologia tem tornado as imagens e áudios cada vez mais próximos de um conteúdo verídico. Outro caso em que a fama de William Bonner foi utilizada para enganar foi em um áudio no qual o jornalista estaria chamando candidatos de bandidos.
Vale o alerta de que aproximadamente 77,5% dos golpes analisados desde 2020 mencionavam empresas ou pessoas famosas para enganar vítimas, tendência que aumentou para 90% em 2025.
Conscientização contra deepfakes
Entender as deepfakes tornou-se essencial para nossa segurança digital. Depois que essa era começou, as empresas precisam estar preparadas para instruir seus colaboradores quanto a isso, pois há grandes riscos de phishing e outros tipos de ataques maliciosos por trás dos deepfakes.
Em agosto de 2019, por exemplo, o CEO de uma empresa europeia, enganado por um áudio deepfake, transferiu 243 mil dólares para criminosos. Outro caso preocupante foi revelado pela BBC, mostrando que nudes falsos de mais de 100 mil mulheres foram compartilhados na internet usando essa tecnologia.
Por que deepfakes são tão convincentes
A tecnologia por trás dos deepfakes funciona por meio de um processo sofisticado de aprendizado de máquina. O termo combina “deep learning” (aprendizado profundo) e “fake” (falso), referindo-se à técnica que utiliza inteligência artificial para manipular conteúdo audiovisual.
Para criar um deepfake convincente, primeiramente são coletadas muitas imagens e vídeos da pessoa que se deseja “clonar”. Quanto mais material disponível, mais realista será o resultado final. Esses dados alimentam Redes Generativas Adversariais (GANs), compostas por duas partes fundamentais: o gerador, que cria o conteúdo sintético, e o discriminador, que tenta distinguir entre o real e o falso.
Durante o treinamento, estas redes neurais passam por diversas interações, aprimorando-se mutuamente até que o discriminador não consiga mais diferenciar o conteúdo autêntico do sintético. Este processo resulta em deepfakes cada vez mais convincentes.
A tecnologia evoluiu tanto que hoje as montagens praticamente não se diferenciam de vídeos ou áudios reais. Isso ocorre porque a IA consegue registrar todos os músculos faciais durante a fala e transportar esse registro para outra pessoa.
Além disso, o barateamento da computação em nuvem e novas placas de vídeo (GPUs) focadas em IA facilitaram o acesso a essa tecnologia, contribuindo para aumentar a qualidade dos vídeos falsos. Diferentemente dos “shallowfakes” (falsificações rasas), que são apenas edições simples ou conteúdos descontextualizados, os deepfakes requerem tecnologia avançada para criar conteúdo inexistente.
Como identificar deepfakes e evitar ser enganado
Identificar um deepfake tornou-se cada vez mais desafiador à medida que essas tecnologias se aperfeiçoam. No entanto, ainda existem sinais que podemos observar. Ao analisar vídeos suspeitos, atente-se aos seguintes detalhes:
- Movimentos dos olhos: pessoas em deepfakes tendem a piscar com menos frequência ou de forma não natural
- Sincronização labial: observe se há descompasso entre os movimentos da boca e a fala
- Expressões faciais: verifique se as emoções expressas combinam com o contexto da mensagem
- Inconsistências de cores: procure por diferenças no tom de pele entre rosto e outras partes do corpo
- Qualidade do áudio: ruídos excessivos ou falhas na sincronia podem indicar manipulação
Além da inspeção visual, existem ferramentas específicas para detectar deepfakes como Microsoft Video Authenticator, que analisa vídeos e imagens para identificar se foram manipulados por técnicas de inteligência artificial. Há, também, WeVerify e Sensity AI, que afirmam ter mais de 90% de precisão. São sistemas que usam inteligência artificial e técnicas de análise de dados para identificar mídias manipuladas.
Pensamento crítico e pesquisas contra deepfake
O pensamento crítico se destaca como nossa principal ferramenta contra os deepfakes. Verificar fontes, analisar inconsistências visuais e buscar confirmação em veículos confiáveis são hábitos que precisamos cultivar diariamente. Ainda que a tecnologia por trás dessas falsificações seja complexa, é possível ter o cuidado de checar antes de compartilhar ou clicar em algo.
Portanto, a proteção contra deepfakes depende também do desenvolvimento de um olhar mais crítico sobre o conteúdo digital. Somente dessa forma poderemos navegar com mais segurança neste novo cenário onde a linha entre o real e o fabricado se torna cada vez mais tênue.
A Any Consulting pode ajudar
Munir-se de informações é a melhor maneira de se precaver contra ataques maliciosos. Portanto, aja rapidamente para reforçar a segurança em sua empresa com uma defesa contra deepfake de ponta a ponta. Entre em contato.
3 perguntas sobre deepfakes
Como os criminosos estão usando deepfakes para aplicar golpes?
Os criminosos frequentemente exploram a imagem de personalidades conhecidas, como apresentadores de TV e políticos, para criar conteúdos fraudulentos mais convincentes, como falsas promoções ou promessas de dinheiro.
Quais são os sinais para identificar um deepfake?
Alguns sinais incluem movimentos oculares não naturais, descompasso na sincronização labial, expressões faciais inconsistentes com o contexto, diferenças no tom de pele e qualidade de áudio suspeita.
Como posso me proteger contra golpes usando deepfakes?
Para se proteger, é importante verificar a fonte das informações, conferir em veículos de comunicação confiáveis, usar serviços de checagem de fatos e desenvolver pensamento crítico através da educação midiática.







